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MAI Meu Amigo Imaginario – Capitulo II

Posted in abuso, conflitos, Emoções, estupro, Família, Fraternos, homens, mulher, Relações Humanas, Sentimentos, Sexualidade, Teorizando, Uncategorized, Universo Feminino, Valores e conceitos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on 26/09/2017 by acacaferreira

Naquela noite, morreu em vida

O carro percorreu a avenida tranquilamente, até chegar àquela lanchonete. A única que estava aberta e tinha cerveja!!

Ele pergunta: – O que vai querer?

Ela responde: – Uma Heineken.

– Pode deixar, gata, eu já volto… e mantenha a mão com cigarro para fora da janela, por favor…

O que será que ele quis dizer com isso? Ela pensou, e em seguida, desobedeceu. Já havia percebido que ia dar merda e usou a mão que também segurava o cigarro para enviar um SMS. O trouxa nem whatsapp tinha, teve que gastar os créditos dela, no seguinte: “Gato, eu estou na Lanchonete Tals, pode vir me pegar? Estou com medo… Acho que fiz uma cagada. “Msg entregue”.

Ela olha para ver se ele está na loja ainda, indo pro caixa. Saca o smartphone de novo e tenta ligar. Não atende o desgraçado…

Ele volta ao carro e traz a cerveja escolhida e cigarros.

– Ah, que bom que você achou. Esta é a melhor cerveja que existe.

E o besta ainda tenta ensiná-la a como abrir a long neck:

– Você tem que dar três batidinhas. – E usa o sotaque caipira.

Ela pede um cigarro, os dela acabaram, acende. Trocam algumas palavras e ele liga o carro e vai dando a marcha à ré novamente. Ela se sobressalta e questiona:

– Eu disse pra você que gostaria de ficar aqui para tomar umas cervejas…

Ele insiste:

– Calma, eu só vou levar a gente para um lugar mais tranquilo.

Ela replica:

– Mas a minha cerveja já está acabando.

Ele insiste mais uma vez:  

-Eu te trago de volta para a gente poder pegar mais. – E toca o carro, para uma avenida residencial em um bairro desconhecido, só condomínios térreos, apenas carros passavam. Ela olha pela janela e assiste à sua quimera…

Ele agora puxa assunto:

– Tá vendo esse residencial aqui? O projeto paisagístico é meu. A maioria destes condomínios são novos. O bairro cresceu de uns dez anos para cá…

Ela diz qualquer coisa sobre ele ter se beneficiado bastante financeiramente dos projetos.

E ele ressalta:

– Tudo dentro dos conformes, aprovado pela prefeitura…

– Ah, mas você deve ter pago uma propinazinha para pegar todas estas obras sozinho!!

Ela vai tentando conversar normalmente, tentando distrair a própria consciência, mas sabe que estar ali não é um bom sinal. Olha fixamente os carros passando, apenas as portarias dos bairros de elite estão iluminadas.

De repente, ele faz o retorno em uma rotatória, e estaciona. Ela tenta manter o diálogo, mas ele parte para cima. Tenta beijá-la, ela se esquiva. Tenta abraçá-la e dar um cheiro no pescoço dela, ela se retrai. E puxa assunto:

– Adoro estas noites de verão, são tão interioranas! Me dá um cigarro?

Ele passa a procurar o cigarro e sobe o tom:

– Onde está meu maço? Estava aqui no console…

Ela:

– Bem, eu peguei um só e devolvi para você…

Ele se agita e discorda…

-Onde você colocou, tem certeza que deixou aqui?

– Tenho sim, gato, exatamente…

Ela percebe que ele ficou um tanto alterado…mantém o celular nas mãos, embaixo da bolsa…

Ele parte para cima de novo, desta vez com mais força, e coloca suas mãos entre as pernas dela. Ela repudia e diz que ele não vai conseguir nada. Um sentimento de pavor toma conta de sua mente agora, mas mesmo assim ela tenta manter o controle…

Ele tenta de novo, cada vez mais afoito, beijar, abraçar, passar a mão onde consegue. E tenta deitá-la no banco do carro. Ela começa a se desesperar, ao perceber que está correndo muito risco. Avalia as possibilidades: só passam carros, ela não sabe onde está, não há telefones públicos, nem pessoas para pedir ajuda ou um táxi. A portaria entre um condomínio e outro é bem distante. Sair correndo? Ela nem sabe para que lado está o prédio de sua mãe…nem a que distância.

Diante das negativas, ele se exalta em ritmo exponencial, fica mais nervoso, e sai do carro.

– Onde é que você colocou o meu cigarro? Você pegou o meu maço, me devolve, eu não estou de brincadeira…

Ela tenta negociar:

– Meu querido, a gente volta lá no Tals e pega dois maços só para você.

– Mas eu quero aquele!! Acabei de comprar, só havia fumado um!! – Ele abre a porta do carona, abaixa o banco dela, procura, volta de novo, pega a bolsa e revira. Ela com o celular nas mãos… ele nem percebe, de tão irado…

– O que eu faço com você agora? Você pegou meus cigarros e não quer devolver…

Ela começa a entrar em pânico, pois, o comportamento dele está demasiado agressivo.

– Calma, meu bem, já vamos resolver isso, seu maço vai aparecer. Procurou nos bolsos? Sua calça tem tantos bolsos…

– Não estão nos bolsos!! Eu não sei o que vou fazer com você se não devolver o meu cigarro.

Ela olha em volta de novo… Será que correr adianta? A chave também não estava no contato. Ele pensa um pouco, encosta no carro e começa a mijar…

– O que você está fazendo aí, meu querido? – diz, tentando distraí-lo, e pega o seu smartphone de novo. Disca o número do seu herói covarde…mas ele não atende.

Quando ele percebe que ela está tentando falar com alguém, censura:

– Tá tentando ligar para quem, gracinha?

Ela responde, num tom baixo e resignado:

– Um amigo meu…

Nesta hora ele perde o controle, imobiliza ela por trás, enlaçando-a por cima dos dois braços, e tenta deitá-la no banco novamente. Ela faz força com o tronco, na tentativa de não deixá-lo agir. Num golpe sujo, ele enfia suas mãos por baixo de sua blusa, debaixo do seu soutien, e acaricia seus mamilos. Ela entra em desespero.

– Para, para por favor, eu já disse que não quero!!

Mas ele tenta, a qualquer custo, forçar o ato sexual, enquanto ela pensa que está traçado e selado seu destino…

Ele continua imobilizando-a e provoca:

– Por que você não quer, hein? Você está tão gostosinha… Você quer que eu chame um amigo, pra gente fazer a três? Acha mais divertido? Tem um amigo meu que adoraria vir para cá, para ajudar a te foder bem gostosinho…

Ela cai em pavor:

– Para pelo amor de Deus!! Eu te avisei que seriam só umas cervejas para que a gente pudesse se conhecer melhor…

Num instante o celular dela apita e ele pondera:

– Quem está te chamando agora?

– É minha irmã, eles estão indo dormir, está ficando meio tarde já. É melhor irmos embora- – sugere, tentando manter a calma, dentro do universo de temor que estava instaurado…

Ele não responde, fuça o celular, coloca música, e deixa o aparelho em cima do porta-luvas.

– Este som está muito alto – ela reclama.

– Alto? Isso é alto para você? Ele decide abaixar o volume, enquanto acende um cigarro. Achei meu cigarro, quer um trago? Ela não tem mais nada a perder, a não ser aceitar dividi-lo.

A tentativa de tirar a roupa dela vem à tona de novo, ele tenta empurrá-la a qualquer preço, para deitá-la no banco. Estava tudo perdido, o tempo parou, ela ouvia apenas silêncio…as imagens em câmera lenta de novo: “Vou ser violentada, acabou… tudo o que mais temia na minha vida está  a acontecer!” Não havia mais saída. Ela já havia aceitado seu destino… Sentia as mãos dele, nojentas, a violar seu corpo.

… …  … … …   … … … …    … … … … …       ..       .

O smartphone dela toca, de novo, e interrompe o evento. Ela está tão amedrontada que derruba a ligação, ao invés de atender e pedir socorro.

– Quem é desta vez?

– Era a minha irmã…Ela está sentindo a minha falta. Já está tarde, vamos embora, por favor.

Ele a abraça de novo, na mesma dinâmica.

– Ah…chama a sua irmã aqui para gente fazer bem gostosinho…

Ela revida:

– Minha irmã é casada e está grávida!

– Ahhh, então deixa eu fazer um filho em você, eu quero ter um filho com você!! – Tenta empurrá-la pro banco novamente, no mesmo abraço imobilizante e aterrador.

– Para!! Já falei para irmos embora!! Não percebeu que estou na casa da minha família e eles já estão estranhando a minha ausência??

Ele fecha a porta do carona e abre a do motorista. E questiona:

– Eu não entendo por que você não quer dar pra mim, se você já transou com a cidade inteira… Poderia dar sua bucetinha para mim também…

Ela revida: – Isso foi há muito tempo, eu me valorizo muito mais hoje. E tem outra, estou muito voltada para o plano espiritual. Fiz voto de castidade, não trepo com ninguém há três meses.

Ele apela para uma mensagem subliminar, na música, enquanto checa o celular, …”give a reason, to love you, give me a reason to beeeee a woman...” (Ela nunca mais ouviu esta música.)

Ele senta no banco do carro.

– Sabe, gracinha, você é muito bonita, tem um monte de gente por aí que olha suas fotos e treme de tesão.

– Eu não estou interessada no que estas pessoas fazem quando abrem o meu perfil ou lêem meu blog…

Ele liga o carro e toca avenida escura abaixo. Ela sente um certo alívio. Ele pergunta:

– Pra onde quer ir?

– Pra casa da minha mãe…

– Ok, vou te levar para a casa de sua mãe, sã e salva…

Faz-se um silêncio no curto trajeto.  E ele conclui:

– Sabe, eu acho que você exagerou um pouco na sua reação, você interpretou a situação de maneira equivocada. Entende? Isso é apenas reflexo do que você está passando, pela questão emocional que você tem. – Tenta convecê-la.

– Eu gostaria que você não me analisasse.

Ele encosta o carro. Ela agradece a carona e cruza a rua.

Segura a bolsa e treme tanto que tem medo de se esborrachar no asfalto vagabundo. Ao entrar no prédio, pensa, “vou subir no apê daquele viadinho, devem estar rindo de mim, a esta hora …”

Mas reflete e desiste. Tenta entrar no banheiro do vestiário da piscina, está trancado, ela precisa chorar.

Sobe o elevador, sai no hall, abre a porta da casa da mãe. Todos estão dormindo agora. Ela entra na cozinha e fecha a porta. Só consegue gravar dois áudios pruma amiga, chora, está desesperada. Olha na janela para ver se ele já foi.

Toma meio comprimido, não pode dormir muito, vai ter que acordar cedo para ajudar no almoço de amanhã. A casa receberá visitas.

Durante a noite, sonha repetidamente com o ocorrido. Acorda, toma café com os familiares, e vai para a piscina praticar yoga, pois, precisa se acalmar…

Continua…

 

Olivia Holística

Autocuidado, autoconhecimento e espiritualidade. Vem comigo nessa jornada?

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Para Mikhail Bakhtin, as festividades "são uma forma primordial, marcante, da civilização humana", logo, a festa, o carnaval e a cidade, são convidados especiais deste espaço.

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